Enquanto Portugal sai de uma situação de emergência para uma situação de calamidade, o surto do coronavírus continua a provar que é uma ameaça real e séria não apenas para a saúde pública, mas para a macroeconomia mundial. Quase todos os negócios e investimentos estão a ser afetados negativamente e, em vários setores, descontroladamente.
Como consultores habituados a lidar com empresas e projetos de internacionalização, sabemos o impacto que as alterações num território poderão ter noutro e o quão estamos todos dependentes uns dos outros, principalmente depois do fenómeno da globalização.
Uma crise súbita muda sempre a forma como as empresas funcionam e como os colaboradores cumprem o seu papel. Vamos passar por meses de contração da despesa e ver investimentos de largo espectro adiados, indefinidamente. No entanto, também sabemos, pelo nosso know how, que uma ameaça pode ser sempre transformada em oportunidade.
Como? Ficam aqui 5 exemplos:
- Teletrabalho: Muitas empresas compreendem agora as vantagens deste método de trabalho e, entre estas, especialmente as de serviços. O teletrabalho é uma oportunidade de racionalização de custos operacionais com escritórios físicos, gerando poupanças que poderão ser utilizadas para outros investimentos.
- Formação online: A epidemia veio obrigar as pessoas a familiarizarem-se rapidamente com plataformas de comunicação virtual. Nos dias de hoje, apesar de um conjunto de dificuldades e de muito improviso, o tele-ensino generalizou-se e as formações virtuais também. Um largo espectro de setores viu-se forçado a reforçar a formação por esta via de modo a sobreviver, desde treinadores desportivos, passando por artistas, até consultores de nicho.
- Retalho online: Do mesmo modo, muitos consumidores – mercê das obrigações de confinamento – aderiram ao comércio online ou em regime de take-away. O sistema já provou que funciona, por isso será de esperar o reforço no retalho online pela abrangência do público alvo, para além das gerações mais novas, que já o usavam com alguma frequência.
- Saúde online: Ainda no campo do online, a crise veio criar condições para desenvolvimento e generalização de formas de telemedicina, no setor público e privado, com importantes reduções de tempo e custos devido à necessidade de levar os pacientes até ao médico. Para além de melhor gestão de recursos através do desenvolvimento de tecnologia remota de triagem (que já existe à data deste artigo), o desenvolvimento da telemedicina reduz deslocações e facilita acesso aos melhores especialistas de saúde, especialmente em localidades mais isoladas, que não possuem, atualmente, essa facilidade.
- Turismo: A epidemia do Covid-19 veio rebentar com a bolha gigantesca do alojamento local que, sem uma regulação adequada, cilindrava o setor hoteleiro, esvaziava os centros urbanos e desvirtuava, inclusive, o conceito de economia partilhada (que faz parte da Economia Circular). Mas a queda da procura não se vai manter. O setor assistirá a uma recuperação lenta, mas estável, onde os pequenos proprietários de alojamento local regressarão ao uso habitacional e os que já eram médios ou grandes irão prevalecer, acabando por tornar o setor num mix mais estável entre alojamentos locais e unidades hoteleiras.
Estes 5 exemplos poderiam juntar-se a muitos mais que demonstram a resiliência humana e a sua capacidade em se reinventar.
A AMH Consulting, ao longo do tempo, assistiu a crises económicas, viu empresas cair e outras erguerem-se, negócios ruir e start-ups florescerem da noite para o dia. Nós próprios não estamos imunes às ondas desse mar.
Mas, por isso mesmo, acreditamos que a economia não sofrerá um impacto permanente nas atividades que sustém e outras formas de fazer negócio surgirão para equilibrar a balança da sustentabilidade económica.
No mundo pós-Covid, continuaremos aqui.